O barulho do mar vindo até os meus ouvidos, a suave brisa de inverno roçando a minha pele, as estrelas atentas como sentinelas e a lua iluminado a noite escura como breu. Fecho os olhos e fico refletindo.
De repente a paisagem muda... eu estou sozinha em uma praia deserta,uma noite escura com um vento forte. Vejo as montanhas distantes, apenas os contornos das longas silhuetas. De repente um grito quebra o silêncio. O que poderia ser?
As nuvens se afastam da lua e eu posso ver uma sombra se esquivar entre as árvores. Ela se aproxima e posso ver o reflexo da lua em seus olhos verdes. O vestido leve balançando ao vento e o cabelo ondulado e longo ao redor dela como uma aura.
Ela carrega um caixinha marrom com detalhes vermelhos. E assim que ela se aproxima mais, estende a preciosidade, oferecendo-a para mim. Eu hesito por um instante, pensando nas possibilidades, mas depois aceito. Quando abro a caixinha vejo cacos de cristal espalhados pelo veludo vermelho que a forra. O ser encantador passou a mão delicadamente por cima deles. Foi tudo tão lindo... Os pequenos fragmentos começaram a flutuar acima da caixa, girando com um brilho ofuscante e se reagrupando. Cada um o seu lugar, e juntos eles formaram um coração de cristal que parecia ter brilho próprio. Embora eu não soubesse o por que, uma lágrima escorreu pelo meu rosto, e a criatura estendeu a mão enxugando-a. Depois com um movimento suave toca o coração, que ganha um tom de vermelho vivo.
Estendi a mão para tocá-lo, encantada com sua beleza, mas a elfa fez um pequeno gesto negativo com a cabeça. Ele começou a oscilar e foi para perto dela. Eu queria tê-lo em minhas mãos!
Eu a vi segurá-lo e estendê-lo em minha direção. Ela pronunciou algumas palavras que eu não compreendi e sorriu. Eu estendi a palma de minha mão para tocar o cristal vermelho e quando o fiz ele estremeceu e voltou a ser os simples cacos, que depois vieram a formar um simples pó, que me lembrava um punhado de estrelas em miniatura. Vi que a elfa chorava. Seus olhos verdes estavam cheios d’água e triste. Queria perguntar o que tinha acontecido, mas nenhuma palavra sai por meus lábios.
Ela recolheu o punhado de estrelas e entregou-o a mim. O vento assoviou por entre as árvores e uma voz tranquila e suave sussurrou “Sopre...”. Levantei a mão e soprei na brisa, as centenas de estrelas que voaram pela noite como pequenas centelhas de fogo.
Com um grito agudo, a elfa caiu no chão, ofegando. Dois segundo depois a dor me atingiu. Eu estendi a mão para tocá-la e ela fez o mesmo. Quando isso aconteceu, o céu pareceu estremecer e as estrelas nos rodearam.
Quando abri os olhos estava de volta a minha sacada, olhando a lua...
O que teria sido aquilo? Um sonho? Um aviso? Por instinto toquei o lado esquerdo do meu peito, sentindo o coração palpitar lentamente.
Embora eu tenha demorado para descobrir, meu coração estava partido. Não era mais vivo como antes, embora fosse tão lindo quanto. Se parecia mais com um... com um cristal. Uma dor alucinante me envolveu naquele momento e por uma fração de segundos vi a elfa da floresta ao meu lado com a mão estendida e dentro o coração de... cristal. Sinti como se meu coração real estivesse em outro lugar, com outra pessoa, embora eu não tivesse consciência disso.
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